terça-feira, 31 de março de 2009

Modernos?


Engraçado como determinadas situações propiciam a aproximação das pessoas. Talvez porque nessas situações elas são praticamente obrigadas a conviver e, por algum motivo se sentem acuadas, entediadas, indignadas, com baixa auto-estima, enfim, frágeis.

Dentro do ônibus, quando o mesmo é fechado por um alguém (-Irresponsável! Como é que pode!)... em frente a banca de jornal, quando compartilham acerca de um determinado assunto(-É um absurdo não é “minina”!)... na fila da carne (-Que preço é esse?!Daqui a pouco o pobre não vai mais comer carne!)...Na sala de espera do médico, no caso feminino,um caso típico: recepção de clínica ginecológica. Ambiente altamente propício pra se fazer amizades, sim! Começando pela decoração, onde as cores alegres e florzinhas disputam espaço... segundo: um monte de mulher junto. Assunto que não acaba mais! Depois de uma tarde na sala de espera você se despede de sua antiga amiga de duas horas com intimidade suficiente pra ter o telefone de sua casa pra marcar um café. Outra ocasião na qual notei esse alto clima de solidariedade foi no dia do teste psicotécnico pra auto-escola... todo mundo tenso, olhando pra cara do outro, até que o primeiro corajoso fala o que todo mundo tá afim de perguntar (-Na 2ªquestão qual que você marcou?). E as pessoas tão individualistas, acabam cedendo à presença do outro. Acho que esse censo de auto proteção solidária remete ao tempo de nosso tatatata3ravô, na época das cavernas, quando por questões de sobrevivência o homem era obrigado a viver em grupo. Quando nos sentimos acuados, queremos alguém por perto. E surpresa!Não é que as coisas parecem dar certo?! Não evoluímos em todos os sentidos!

sábado, 28 de março de 2009

Ira! (não a banda)


Meu amigo pv teve uma idéia interessante...pediu pra alguns amigos escreverem a respeito dos sete pecados capitais...um tema mas nenhuma idéia a princípio. Resolvi escrever sobre a ira. Por que? Porque acho que é um dos sentimentos mais a flor da pele. Quem pode dizer que nunca teve vontade de voar no pescoço de alguém se é que já não o fez? E são inúmeras as ocasiões e situações nas quais a ira aparece. No dia de céu mais azul, quando cremos veemente que “everything is gonna be alright”, acontece uma coisinha não planejada, e parece que o mundo vai acabar. Talvez porque qualquer coisa que fuja de nosso controle nos assuste, talvez por medo do imprevisível, de quão preparados estamos para ele. Mas é certo que acontece. E se a gente se estressar com tudo que foge do nosso controle viveremos pra reclamar, viveremos nos mortificando. A ira é um sentimento, podemos senti-lo, mas ganhamos muitas estrelinhas douradas quando exercitamos nosso auto controle... Um amigo me disse certa vez que às vezes é melhor não tomar decisões quando a emoção está falando mais alto. Às vezes quando paramos pra pensar depois da explosão, nem valeu tanto a pena tê-la feito. Outras vezes, se não tivéssemos rodado a baiana naquele momento, provavelmente teríamos desenvolvido uma úlcera... O difícil é discernir quando tomar a decisão mais acertada ...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Nada novo de novo

Passando por mais um de muitos que já passei e ainda vou passar... Acho que todo mundo vez ou outra fica assim... momento introspectivo, melancólico, de dúvida, fuga, mesmice, tédio, falta de inspiração... A diferença é que a maioria das pessoas não pára pra pensar no que está sentindo... sei lá , talvez por medo de viajar fundo demais ou por achar isso bobagem, “vamo tomá um chope que isso passa”!.
No meu caso é isso tudo e a sua negação. Difícil né?
Desse jeito por esses dias...


Ahh terminei de ler Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Muito bom. Leitura leve e intensa. É até redundante recomendar a obra machadiana, mas o faço.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Veja Vik


Recomendo a exposição de Vik Muniz, no MAM Rio até dia 22/03, quase que com um grito de corra antes que acabe. Esse artista reformulou o meu conceito de arte. Vik(veja só a intimidade), tem uma visão micro/macro incomparável, uma sensibilidade fora do normal e uma criatividade que simplesmente não se define. Consegue enxergar o que nossos olhos insensíveis, ou apenas dentro dos padrões não conseguem. Se aventura pelo cenário da pintura e fotografia. Arte com coisas inusitadas...Calda de chocolate, diamantes, lixo.Artista completo.Brasileiro.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Do outro lado


Pelos cantos das ruas há muitas pessoas imersas numa triste realidade. Às vezes nem as vemos. Os nossos olhos querem novidade; infelizmente pessoas nessa situação tornam-se apenas um reflexo do capitalismo voraz no qual a nossa sociedade se encontra. Pois bem, nossa sociedade. Estamos inclusos nela. Logo, somos em parte responsáveis por isso. Mas não é por esse lado que eu quero seguir com o texto. Às vezes observo essas pessoas, ajudo como posso... questiono sempre o motivo que as levou a tal situação se foi a falta de sorte, ou a falta de ambição na vida.E observando mais além, vejo muitas vezes que embora nessa situação, muitas delas olham pra dentro de si e exteriorizam coisas belas, outras vezes sem muito sentido, mas algo que contraste com a triste realidade exterior...Como o ser humano surpreende. Admiro estes escritores, artistas ou profetas de grito mudo. Precisamos de mais gentileza.

Marisa Monte

Gentileza

...

Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza

Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta

domingo, 15 de março de 2009

...

Esquadros
Adriana Calcanhotto


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

domingo, 8 de março de 2009

Travessia

Tive a sorte de pegar a barca a tempo. Realmente isso não é algo extraordinário, que mereça tanto destaque, mas quando é sexta feira, você está acordado desde as 6am, e a próxima barca é a do horário das 10:30 pm, isso é algo a se considerar...Passada a espera da fila de embarcação, acomodei-me e dei o meu suspiro de finalmente!
A barca das 10 é uma antiga, o que significa que você precisa ter algo a fazer, pois o tempo de viagem é mais longo. Como estava sem meu mp3, e sem vontade alguma de ler, pus-me a observar as pessoas. A começar pela corrida de alguns rumo ao lugares preferidos, aquele de costume, corrida no sentido literal, fato engraçado. Alguns já despojados dos ternos, com a cervejinha na mão. Alguns a pensar na vida com o olhar perdido para fora da janela, alguns namorando, outros fazendo planos pro final de semana, outros com o olhar a procura de alguém especial que, por que não poderia estar alí naquela barca, outros rindo da vida, alguns concentrados nas notícias, e por fim alguns dormindo. Eu me identifico com cada uma dessas pessoas, dependendo do dia. O tempo passou bem rápido. No final da viagem um indivíduo que desfrutava de uma bela e invejável cesta, teve o sono interrompido bruscamente quando alguém gritou:"Acorda aê mané já chegou"; dá pra imaginar a cara do camarada e a de quem viu a cara dele né?Foi uma boa viagem.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Come together!


Estava hoje lendo umas reportagens quando uma particularmente me chamou atenção: “Universidade de Manchester cria curso exclusivo sobre Beatles”. O curso é de 1 ano e meio e com certeza, criará polêmica e tumulto como tantas outras coisas relacionadas aos garotos de Liverpool. Mas que é um curso que eu gostaria muito de fazer...ahh isso é. Imagina as disciplinas?Paul1, Paul2, História georgeana clássica, Pedagogia lennoniana, Antropologia ringoística... Imaginar quais seriam as matérias é engraçado, mas não mais do que imaginar qual seria o título que ao final do curso eu receberia...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Destinos e descobertas


Viajar é muito bom. Não importa se for pra perto, longe, numa leitura.

Desligar-se de si de alguma forma é muito bom e quem já experimentou fazê-lo pensa até ser essencial. Acho particularmente tão bom porque depois de feito, passamos por uma sensação ímpar, fora o prazer de estar viajando: O retorno a si. O retorno ao que é seu. De alguma forma você enxerga o seu mundo por alguns instantes como se este não lhe pertencesse, você é mero expectador de si próprio. E com isto, se você acha que a sua vida precisa de um rumo, arregaça as mangas e mãos à obra! Se você está feliz como ela está, sente-se orgulhoso por ter contribuído para isto. De qualquer modo você passa a ver as suas coisas com olhos diferentes. E elas passam a te pertencer com uma intensidade muito maior. Uma viagem com o destino surpreendente.